De Quem Somos?
Quando não somos de nós mesmos,
de quem somos? Quando nosso humor, nosso choro não são nossos, de quem são? A
quem endereçamos nosso sorriso e nosso coração, quando deveríamos cuidar um pouco
mais dos nossos sentimentos e não semear tesouros numa terra infértil,
espinhosa e seca?
Algumas estradas que percorremos
no decorrer da vida nos levam para situações que constantemente ameaçam nossa
saúde emocional, fazendo adoecer a nossa alma. Quando nossa mente, vontade e
emoção não estão sob controle, nossas escolhas são minadas pela ansiedade de
resolver uma questão rapidamente, de correr desesperadamente atrás de um amor que não
está sendo correspondido. À medida que nos movimentamos para saciar essa
ansiedade, vamos deixando nossos pedaços pelo caminho, até que chega o momento
em que não há mais nada de nós mesmos; pelo menos nada saudável. Resta apenas
uma sombra do que um dia foi um ser cheio de potência. Entramos num estágio
contagioso de melancolia e infectamos todos aqueles que nos querem bem; os
afastamos, magoamos e no final desse processo, só nos resta a solidão de uma
cama e uma maratona de séries que não estamos nem aí, mas que vão,
momentaneamente, saciar a vontade de estar integrado ao mundo, mesmo quando
sentimos que esse mundo não consiga mais nos dizer quem somos.
Levantamo-nos e caímos. Assim são
os seres humanos. Somos pessoas comuns e não sabemos qual caminho seguir. E se
talvez reduzíssemos o passo e começássemos a olhar para dentro de nós?
“Quem
olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.” Jung
Para estender as mãos para o
mundo, precisamos preservar o mínimo de nós mesmos. Já parou pra pensar que na maioria
das vezes que nos decepcionamos com alguém, ou com alguma situação, é porque ainda
não estávamos prontos para lidar com ela? Quantas vezes somos quase forçados a
tomar alguma atitude para sustentar uma posição, mesmo quando nos não estamos
prontos para ela? Sabe quando seu grupinho de pessoas próximas insiste pra você
deixar de ser “chorão” e transar, ou ir para a balada dançar, como se essas
fossem saídas mágicas para a depressão? Até quando você vai se violentar dessa
forma? Até quando vai continuar cedendo aos apelos das pessoas e não ouvir o
apelo do seu corpo, da sua alma; do seu coração? Quando não somos de nós
mesmos, de quem somos?
Há algum tempo atrás, me
perguntaram por que eu simplesmente não saía de casa para ir a alguma festa, ou
pra beber com o pessoal, simplesmente pegar o celular e convidar alguém para
sair e “ficar de boa”. Essa é uma questão que tenho levantado entre meus alunos
e pessoas com quem converso: “Não é porque todo mundo age de determinada
maneira que você precisa repetir.” Há outras formas de existir que não seja
pela vontade dos outros; que não seja por aquilo que queiram te impor.
Em relação ao
sofrimento, negá-lo é o maior equívoco que temos cometido na contemporaneidade.
Evitar o sofrimento com subterfúgios fugazes, ou seja, coisas que passam ao
sabor do vento, mas que trazem consigo a promessa de felicidade plena é, a todo
instante, ser decepcionado com a vida. O ciclo não será quebrado até que
aceitemos que sofrer está no cardápio e para crescer e amadurecer é preciso
viver isso. Vejamos as redes sociais. Só é permitido rir, gargalhar, zombar e
ser zombado. Enquanto os dedos
deslizam pelo teclado anunciando o riso, o semblante e os olhos exprimem o
verdadeiro status, que quase sempre é de preocupação, sofrimento e dor. Quando
tiramos o direito de alguém de sofrer e poder externar isso, estamos limitando
as potencialidades daquele ser, que na sua sinceridade, não consegue mais ser
violentado pela obrigação, não de ser, mas de estar feliz o tempo todo. Se
alguém te cobra felicidade, corra. Respeitemos os contornos dos outros. Se
precisarem externar sua angústia, não se prenda. Apenas seja; sua fraqueza
também é uma força.
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Texto lindo André! Me deu vontade de escrever, com disciplina ahhahah
ResponderExcluirObrigado! Sim, escreva!!!
Excluirhahaha