Namore-se


Hoje ela é forte, segura de si, aceita elogios sinceros dos amigos, se olha no espelho e repara no detalhe fofo do contorno do olho. Mas antes, ela havia olhado pra si de outra forma, com carinho. Mas antes o amor próprio apareceu na forma de uma outra mulher, que lhe aconselhara sobre seu último relacionamento – Sai dessa, garota! Ele não é pra você. Cê merece bem mais, disse. Mas antes ela achava que todas as mulheres eram inimigas e queriam roubar seu namorado. Mas antes ela via homem como um troféu. Pobre garota! Mas antes essa super-mulher estava num relacionamento onde seu parceiro era sua kriptonita. Desatou. Mas antes ela havia ido atrás de sonhos falsos. Mas antes lhe diziam que todo relacionamento é assim, afinal, “não existe príncipe encantado”. Mas antes ela começou o relacionamento porque a chamaram de solteirona e comentavam que ficaria para “titia”. Mas antes ela era censurada por seus atos, sentia inveja dos meninos. Mas antes ela foi educada;

Meninas não podem sentar de pernas abertas;
Meninas não podem beber e falar palavrão;
Meninas não podem ser mais altas que o namorado;
Meninas não podem andar com meninos;
Meninas não podem andar na rua como os meninos;
Meninas não podem correr “feito moleques”.

Se perguntarem se você sabe que é bonita, negue. Ninguém gosta de garota que se acha.

O que ela entendia era somente “não não não”. Educada assim, limitada. Mas antes, ela nasceu e cresceu mulher, e com isso, o pacote completo que, mais tarde, ela descobriria.

Ah! Mas hoje? Hoje ela é forte, segura de si, aceita elogios sinceros dos amigos, se olha no espelho e repara no detalhe fofo do contorno do olho. 

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